quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Amor Cortês

Pintura vitoriana de 1900, mostrando a dama e ocavaleiro, antes do torneio

Continuando nossa viagem sobre os fundamentos da submissão, não poderia deixar de passar pelo amor cortês.

O amor cortês é um conceito da idade média baseado na expressão do amor e admiração com nobreza e cavalheirismo. Acredita-se que o amor cortês tenha se originado na França no século 12, na corte de Eleonor de Aquitânia. O conceito espalhou-se rapidamente por toda a Europa, sendo praticado até o século XVI.

Naquela época os casamentos entre os nobres eram arranjados, sem nenhum vínculo com o amor. Um bom casamento era aquele que traria benefícios aos participantes e suas famílias. Uma vez que casamento e amor eram dissociados, a necessidade por romance poderia ser satisfeita fora do casamento, observando-se as regras de castidade e fidelidade.

O romance, as regras e a arte do amor cortês permitiam aos cavaleiros e damas demonstrarem sua afeição mesmo diante de sua condição de casados. Assim, era comum uma Dama casada dar ao cavaleiro de sua escolha um presente, um lenço perfumado por exemplo, para que ele usasse durante um torneio medieval.

Um dos exemplos mais famosos é o da Rainha Guinnevere, esposa do Rei Artur, e seu cavaleiro, Sir Lancelot.

O primeiro estudioso do assunto foi o historiador francês Gastón Paris, que escreveu a respeito no ano de 1883. Segundo ele, o amor cortês (amour courtois) era uma disciplina nobre e idealizadora. O amante aceita a independência de sua senhora e tenta tornar-se merecedor dela, agindo de forma corajosa e honrada, e fazendo qualquer coisa que ela pudesse desejar. A satisfação sexual poderia não ser o objetivo ou o resultado final, mas não era um amor puramente platônico, pois havia um forte ingrediente de atração física.

A expressão e a definição de Paris foram logo amplamente aceitas e adotadas. Em 1936 C.S. Lewis escreveu o importante livro The Allegory of Love, um influente trabalho acadêmico de pesquisa da literatura medieval, onde solidifica ainda mais o amor cortês como "amor de um tipo altamente especializado, cujas características podem ser enumeradas como Humildade, Cortesia, Adultério e a Religião do Amor.”

No final do século XII Andreas Capellanos escreveu “A arte do Amor Cortês”, onde enumerou 31 regras do amor cortês. Destacando algumas mais diretamente relacionadas com o assunto deste blog:

- Um homem apaixonado está sempre apreensivo
- Ciúmes verdadeiros sempre aumentam o sentimento de amor
- Ciúmes, e portanto o amor, crescem quando se suspeita da amada
- Todo ação de um amante termina com o pensamento em sua amada
- Um verdadeiro amante só considera bom aquilo que ele acredita que irá agradar sua amada
- Um verdadeiro amante é constantemente e continuamente possuído pelo pensamento em sua amada

Apesar de tão distante nos tempos, o conceito de Amor Cortês permanece vivo na alma dos amantes mais refinados. Como disse nosso grande poeta Vinicius de Moraes,

“Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for.”

Um comentário:

  1. Registrando minha visita e lendo seus posts.
    Acompanhando e seguindo seu Blog.
    Beijos

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