segunda-feira, 20 de julho de 2009

O irresistível equilíbrio


O ano era 1997, a cidade, New York. Estava eu passando uma fria e ensolarada semana de maio, provando a irresistível sensação de completa liberdade. Caminhava num fim de tarde pelas ruas varridas pelo vento frio de uma primavera que mal tinha começado, o coração acelerado, a alma leve. Estava voltado de uma das sessões mais incríveis de dominação que já fui.

Tinha escolhido com quem faria a sessão ainda no Brasil. Seu nome era Diana Balance, uma ruiva com uma enorme cabeleira, um rosto enigmático, olhos de um azul tão claro que beiravam o cinza. Nas costas, uma enorme tatuagem de um ganso. “Geese are mean” explicou com sua voz doce e tranqüila.

Pedi uma sessão com canes, ela me olhou desconfiada – você agüenta? Diante da minha insegurança ela sentenciou, ok, mas serão apenas sete golpes. Moleza pensei.

Ela escolheu uma cane de fibra. Amarrrado num cavalo, senti o primeiro golpe. Nunca tinha sentido algo tão intenso, uma dor tão forte. Percebi que não estava no controle da situação, que estava nas mãos daquela mulher tranqüila e estranha. De repente sete pareceu ser um número enorme. Segurei firme, não poderia desistir, e fui até o final da minha privação.

O resto da sessão transcorreu como num transe. Descobri que o Balance em seu nome vinha de sua especialidade: O equilíbrio entre dor e carinho. É uma combinação poderosa, que destrói as resistências mais fortes.

Ao final da sessão conversamos um bocado, eu era seu primeiro cliente brasileiro. Me explicou como as marcas ficariam, como mudariam de cor. Ao longo daquela semana eu acompahnei no espelho do hotel essa evolução, até que, poucos dias depois, eu voltei lá para mais.

You’re back”, foi como ela me recebeu, divertida. Sim, voltei e queria ir mais fundo. Estava capturado por uma Mestra na arte de combinar dor e carinho.

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