segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O ideal grego de serenidade

Edle Einfalt und stille Größe.

Simplicidade nobre e grandeza tranqüila.

Assim definiu o acadêmico alemão Johann Winckelmann (1717-1768) a principal característica das esculturas da Grécia antiga. Ele tinha em mente especificamente a escultura Laocoonte. A estátua representa Laocoonte, um sacerdote de Apolo, e seus dois filhos, Antiphantes e Thymbraeus, sendo estrangulados por duas serpentes marinhas, num episódio da Guerra de Tróia relatado na Ilíada de Homero e na Eneida de Virgílio.



Ainda segundo Winkelmann, não importava a dor que Laocoonte sentia, a sua expressão era de grandeza, de uma dignidade da alma. Assim como as profundezas do mar permanecem tranquilas mesmo quando a tempestade ruge na superfície, a expressão das figuras revelam uma alma digna e grande, não obstante a dor que o corpo possa estar padecendo.



Picado pela cobra venenosa, Laocoonte sofre. A ação do veneno pode ser notada na musculatura retesada da sua perna, mas a postura mantém uma placidez diante da dor, que não deve jamais ser tomada por indiferença mas por grandeza.

É com essa nobreza e grandeza que na minha opinião um escravo deve suportar a dor que lhe é imposta pela Domme. Sentindo seu peso, mas com a placidez de quem sabe, no fundo de sua alma submissa, que a Vontade da Dona é suprema, e que ao se submeter a Ela está cumprindo com dignidade seu destino.